terça-feira, 7 de maio de 2013

Temporada de moda carioca sem negros na passarela



O último Fashion Rio, organizado em maio, trouxe para as passarelas as tendências da Primavera-Verão. No entanto, uma outra tendência se confirmou no evento: os modelos negros continuam preteridos no mundo fashion, sejam homens ou mulheres.
   
A ausência de modelos negras na maioria das grifes virou até motivo de protestos. Um grupo de militantes com vestimenta africana se reuniu na porta do Jockey Club, local onde são realizados os desfiles, para pedir o aumento da presença negra.

Até mesmo a editora da Vogue Itália, Franca Sozzani, famosa por tecer comentários polêmicos, criticou a ausência em seu blog:

- Alguns se queixam da ausência de modelos negras na passarela, e até mesmo culpam as agências… Na Semana de Moda do Rio é a mesma velha história: menos de 10% dos modelos são negros. Qual é a razão para não escolher meninas negras? Elas têm rostos e corpos incríveis, e sua pele não pode ser comparada com a de meninas brancas. Por quê? – disse ela.

A editora alega que muitas vezes que levantou o assunto, as pessoas justificaram dizendo que são poucas as tops negras de boa aparência. Quanto a isso, ela defende: “existem sim muitas garotas negras tão belas quanto a Naomi Campbell espalhadas por aí”.

- Tenho a sensação de que eu escrevi tantas vezes sobre este tema e que chega a ser chato repetir de novo. Mas como posso parar de falar sobre isso, quando no Rio, onde a quantidade de meninas afrodescendentes são 50% da população, as meninas brancas ainda são preferidas nas passarelas? -, escreveu.



A opinião é compartilhada pela jornalista e colunista de O Globo, Flávia Oliveira, que declarou ao programa Estúdio i, da Globo News, sua insatisfação:

- Os desfiles são eventos muito associados ao glamour. E por trás desse glamour, há uma indústria muito poderosa e geradora de empregos no Rio de Janeiro. A indústria da moda movimenta R$11 bilhões e emprega 237 mil pessoas. Empregos dois mais ramificados, das costureiras aos estilistas. Há uma pressão de entidades do movimento negro para que os negros tenham uma participação maior. Acho que nesse caso, não há necessidade de cota. A questão é a grife, os estilistas e as marcas entenderem que o padrão de consumo mudou. Há novos consumidores e novas cores. As marcas devem fazer uso dessa diversidade – ressalta.

A atriz Isabel Fillardis veio ao penúltimo dia de Fashion Rio especialmente para assistir ao desfile da Lenny. “Gosto de fazer a minha moda”, explicou a atriz, que costuma acompanhar as tendências de cores e modelos de roupa em desfiles e ir montando seu guarda-roupa sem perder a autenticidade. “Não venho em todas as edições do Fashion Rio, mas estou no evento sempre que posso”, conta.

Perguntada sobre sua opinião acerca da quantidade de modelos negras que costumam desfilar nas passarelas, Isabel foi enfática:

- Sempre senti falta. Mas de cinco anos prá cá a coisa melhorou um pouco. Na verdade, o dia em que isso não for mais pauta é que vou ficar feliz -, disse.

Felizmente, no São Paulo Fashion Week, o problema não se repetiu. Muitas modelos negras desfilaram sua beleza na passarela. Um avanço? Em se tratando de preconceitos, pode-se dizer que a presença negra ainda se parece com uma obrigação.

Tags: modelos negras, passarela, preconceito, racismo


Retirado do site revista afro.com com o link http://www.revistaafro.com.br/mundo-afro/temporada-de-moda-carioca-sem-negros-na-passarela/  em 07.05.2013 as 08:42h

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