O último Fashion Rio, organizado em maio, trouxe para as
passarelas as tendências da Primavera-Verão. No entanto, uma outra tendência se
confirmou no evento: os modelos negros continuam preteridos no mundo fashion,
sejam homens ou mulheres.
A ausência de modelos negras na maioria das grifes virou até
motivo de protestos. Um grupo de militantes com vestimenta africana se reuniu
na porta do Jockey Club, local onde são realizados os desfiles, para pedir o
aumento da presença negra.
Até mesmo a editora da Vogue Itália, Franca Sozzani, famosa
por tecer comentários polêmicos, criticou a ausência em seu blog:
- Alguns se queixam da ausência de modelos negras na
passarela, e até mesmo culpam as agências… Na Semana de Moda do Rio é a mesma
velha história: menos de 10% dos modelos são negros. Qual é a razão para não
escolher meninas negras? Elas têm rostos e corpos incríveis, e sua pele não
pode ser comparada com a de meninas brancas. Por quê? – disse ela.
A editora alega que muitas vezes que levantou o assunto, as
pessoas justificaram dizendo que são poucas as tops negras de boa aparência.
Quanto a isso, ela defende: “existem sim muitas garotas negras tão belas quanto
a Naomi Campbell espalhadas por aí”.
- Tenho a sensação de que eu escrevi tantas vezes sobre este
tema e que chega a ser chato repetir de novo. Mas como posso parar de falar
sobre isso, quando no Rio, onde a quantidade de meninas afrodescendentes são
50% da população, as meninas brancas ainda são preferidas nas passarelas? -,
escreveu.
A opinião é compartilhada pela jornalista e colunista de O
Globo, Flávia Oliveira, que declarou ao programa Estúdio i, da Globo News, sua
insatisfação:
- Os desfiles são eventos muito associados ao glamour. E por
trás desse glamour, há uma indústria muito poderosa e geradora de empregos no
Rio de Janeiro. A indústria da moda movimenta R$11 bilhões e emprega 237 mil
pessoas. Empregos dois mais ramificados, das costureiras aos estilistas. Há uma
pressão de entidades do movimento negro para que os negros tenham uma
participação maior. Acho que nesse caso, não há necessidade de cota. A questão
é a grife, os estilistas e as marcas entenderem que o padrão de consumo mudou.
Há novos consumidores e novas cores. As marcas devem fazer uso dessa diversidade
– ressalta.
A atriz Isabel Fillardis veio ao penúltimo dia de Fashion
Rio especialmente para assistir ao desfile da Lenny. “Gosto de fazer a minha
moda”, explicou a atriz, que costuma acompanhar as tendências de cores e
modelos de roupa em desfiles e ir montando seu guarda-roupa sem perder a
autenticidade. “Não venho em todas as edições do Fashion Rio, mas estou no
evento sempre que posso”, conta.
Perguntada sobre sua opinião acerca da quantidade de modelos
negras que costumam desfilar nas passarelas, Isabel foi enfática:
- Sempre senti falta. Mas de cinco anos prá cá a coisa
melhorou um pouco. Na verdade, o dia em que isso não for mais pauta é que vou
ficar feliz -, disse.
Felizmente, no São Paulo Fashion Week, o problema não se
repetiu. Muitas modelos negras desfilaram sua beleza na passarela. Um avanço?
Em se tratando de preconceitos, pode-se dizer que a presença negra ainda se
parece com uma obrigação.
Tags: modelos negras, passarela, preconceito, racismo
Retirado do site revista afro.com com o link http://www.revistaafro.com.br/mundo-afro/temporada-de-moda-carioca-sem-negros-na-passarela/ em 07.05.2013 as 08:42h
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